Raciocínio Lógico Receita Federal – análise completa

Olá, tudo bem? Neste artigo eu pretendo compartilhar dicas sobre como estudar Raciocínio Lógico para a Receita Federal. Periodicamente este artigo será atualizado com questões de prova, materiais gratuitos, aulas em vídeo e muito mais. Neste momento, quero conversar especificamente sobre a prova de Raciocínio Lógico-Quantitativo do concurso da Receita Federal do Brasil. Ao final deste artigo, terei respondido dúvidas muito comuns, como:

• o que MUDA com a saída da ESAF e a entrada de outra banca?
• que assuntos são MAIS e MENOS importantes no edital?
• é possível sair bem na prova de Raciocínio Lógico DETESTANDO exatas?
• como realizar o estudo de Raciocínio Lógico para a Receita Federal?

Vamos lá?

Raciocínio Lógico quase eliminou 61 novos Auditores em 2014

Antes de entrarmos nos pontos mais relevantes, acho válido lembrar a importância desta disciplina no contexto de preparação para a Receita Federal. Como você deve saber, a prova da RFB tem uma característica importante: você precisa fazer uma NOTA MÍNIMA em CADA UMA das matérias!

No caso do Raciocínio Lógico, que era responsável por 10 questões em 2014, você precisaria acertar pelo menos 4. Se acertasse menos que isso, você estava FORA do concurso, mesmo se gabaritasse todas as demais matérias! E isso aconteceu com muita gente. Tanto que, dos 68.000 inscritos no concurso, somente 804 fizeram a nota mínima em todas as matérias, não sendo eliminados sumariamente.

Mesmo quando olhamos dentro do conjunto dos APROVADOS, notamos que muitos deles entraram “raspando” em uma ou mais matérias. Em Raciocínio Lógico, por exemplo, 61 aprovados – que atualmente são Auditores – fizeram a nota mínima, isto é, somente 4 acertos. E olha que eles contaram com uma “ajudinha” da ESAF, que anulou 2 das 10 questões da minha matéria. Desta forma, eles só precisavam acertar 2 das outras 8 questões para não serem eliminados. Não fossem as anulações, muitos deles estariam FORA da Receita Federal atualmente!

Portanto, trate de internalizar essa ideia: embora o PESO de Raciocínio Lógico seja pequeno na nota final, você PRECISA garantir a nota mínima!

Será que é fácil acertar 4 de 10 questões?

Fazer a nota mínima de Raciocínio Lógico não é trivial

A prova de Raciocínio Lógico da Receita Federal tradicionalmente conta com, pelo menos, uma questão “tirada da cartola”. Ou melhor dizendo, tirada do rodapé de livros. Como o edital é bastante abrangente, sendo vago em alguns pontos, ele dá margem para a cobrança de uma infinidade de assuntos. Por exemplo, dentro do item “6. Álgebra”, há um verdadeiro MUNDO de conteúdos possíveis: equações de primeiro e segundo grau, funções de primeiro e segundo grau, funções exponenciais e logarítmicas, funções modulares, polinomiais, trigonométricas etc. Você precisaria fazer um verdadeiro curso de Álgebra só para enfrentar este item, o que é claramente inviável.

O problema é que, com razável frequência, a ESAF cobra uma questão sobre pontos bem peculiares dos editais, como:

• teorema do Resto na divisão de polinômios (Auditor/2009)
• regressão linear múltipla (Auditor/2012)
• matrizes antissimétricas (Auditor/2014)

Ou seja, mesmo que você tenha feito um estudo BEM completo, é provável que pelo menos uma questão da sua prova verse sobre um tópico altamente específico, sobre o qual você não tenha se debruçado adequadamente.

Além disso, a prova pode trazer algumas questões com nível de dificuldade elevado, bem como questões sobre assuntos avançados (como Estatística Inferencial).

Calma: não estou querendo te assustar. Fazer a nota mínima é ALTAMENTE possível, como veremos ao longo deste artigo. Mas é importante deixar claro que não é algo trivial, como a razão “4 em 10” pode aparentar em um primeiro momento.

Afinal de contas, o que precisamos estudar?

O edital “4 em 1” de Raciocínio Lógico da Receita Federal

Veja a seguir a transcrição do edital de Raciocínio Lógico da Receita Federal. Este conteúdo tem sido cobrado do mesmo jeito nos últimos 3 concursos (2009, 2012 e 2014):

RACIOCÍNIO LÓGICO-QUANTITATIVO: 1. Estruturas Lógicas. 2. Lógica de Argumentação. 3. Diagramas Lógicos. 4. Trigonometria. 5. Matrizes, Determinantes e Solução de Sistemas Lineares. 6. Álgebra. 7. Combinações,
Arranjos e Permutação. 8. Probabilidade, Variáveis Aleatórias, Principais Distribuições de Probabilidade, Estatística Descritiva, Amostragem, Teste de Hipóteses e Análise de Regressão. 9. Geometria Básica. 10. Juros Simples e Compostos, Taxas de Juros, Desconto, Equivalência de Capitais, Anuidades e Sistemas de Amortização. 11. Compreensão e elaboração da lógica das situações por meio de: raciocínio matemático (que envolvam, entre outros, conjuntos numéricos racionais e reais – operações, propriedades, problemas envolvendo as quatro operações nas formas
fracionária e decimal; conjuntos numéricos complexos; números e grandezas proporcionais; razão e proporção; divisão proporcional; regra de três simples e composta; porcentagem); raciocínio sequencial; orientação espacial e temporal; formação de conceitos; discriminação de elementos.

Eu costumo dizer que este é um edital “4 em 1”, pois podemos dividir o conteúdo em 4 matérias diferentes. Veja:

RACIOCÍNIO LÓGICO: 1. Estruturas Lógicas. 2. Lógica de Argumentação. 3. Diagramas Lógicos. 11. Compreensão e elaboração da lógica das situações por meio de: raciocínio sequencial; orientação espacial e temporal; formação de conceitos; discriminação de elementos.

MATEMÁTICA: 4. Trigonometria. 5. Matrizes, Determinantes e Solução de Sistemas Lineares. 6. Álgebra. 7. Combinações, Arranjos e Permutação. 8. Probabilidade. 9. Geometria Básica. 11. Compreensão e elaboração da lógica das situações por meio de: raciocínio matemático (que envolvam, entre outros, conjuntos numéricos racionais e reais – operações, propriedades, problemas envolvendo as quatro operações nas formas
fracionária e decimal; conjuntos numéricos complexos; números e grandezas proporcionais; razão e proporção; divisão proporcional; regra de três simples e composta; porcentagem).

MATEMÁTICA FINANCEIRA: 10. Juros Simples e Compostos, Taxas de Juros, Desconto, Equivalência de Capitais, Anuidades e Sistemas de Amortização.

ESTATÍSTICA: 8. Variáveis Aleatórias, Principais Distribuições de Probabilidade, Estatística Descritiva, Amostragem, Teste de Hipóteses e Análise de Regressão.

Trata-se de um conteúdo bastante extenso, como é característico nos concursos de carreiras Fiscais.

Vamos entender o que pode mudar agora que a ESAF não será mais a banca?

O que muda em Raciocínio Lógico com a SAÍDA da banca ESAF?

A ESAF gostava muito de cobrar em suas provas questões de Matemática do ensino médio. Era muito comum ter, na prova, pelo menos uma questão sobre:

• geometria;
• trigonometria;
• matrizes, determinantes e sistemas lineares;
• funções matemáticas.

Quando analisamos o histórico recente das bancas FCC, FGV e CESPE nos concursos fiscais, vemos que elas dificilmente exigem assuntos como estes. NADA desses assuntos foi exigido em certames recentes como ICMS/GO 2018 (FCC), ICMS/SC 2018 (FCC), ICMS/RS 2019 (CESPE), ISS/Cuiabá 2016 (FGV), dentre outros.

Em compensação, as últimas provas da Receita Federal vinham praticamente IGNORANDO os assuntos de matemática financeira. Já as bancas tradicionais dos fiscos estaduais e municipais (FCC / FGV / CESPE) adoram obrar questões sobre juros, descontos, amortizações, séries de pagamentos, e mesmo sobre alguns temas que não eram exigidos no edital da Receita Federal, como: valor presente líquido, taxa interna de retorno, método do payback e outros métodos de avaliação de investimentos.

Quanto ao raciocínio lógico, temos uma boa notícia: o estilo de cobrança e os temas valorizados são basicamente os mesmos. Com exceção das provas que a FCC aplicou para o ICMS/SC e ICMS/SP, nas quais ela cobrou uma matéria denominada Raciocínio Crítico, em regra todas as bancas (inclusive a ESAF) privilegiam questões sobre lógica de argumentação e estruturas lógicas, como os problemas de associação lógica. O mesmo vale para a estatística, que costuma ser cobrada com nível de profundidade parecido, tanto nos tópicos de estatística descritiva como nos tópicos de estatística inferencial.

Sobre a estatística inferencial, vale a pena deixar uma mensagem: embora esta seja a parte mais avançada do seu edital, normalmente as questões cobradas sobre ela exigem noções BÁSICAS dos assuntos. A última prova de Auditor, por exemplo, cobrou uma questão sobre testes de hipóteses utilizando a distribuição T de Student, tema significativamente avançado. Entretanto, bastava saber uma noção básica (quando o resultado do teste é aceito ou rejeitado) para gabaritar! Portanto, NÃO fuja destes assuntos. Tente compreender, pelo menos, o básico.

Vamos descobrir o que priorizar no edital?

Quais são os assuntos MAIS importantes no edital de Raciocínio Lógico da Receita Federal?

Para começar, vejamos o que foi mais cobrado nas últimas provas da Receita Federal. Na tabela abaixo eu fiz uma classificação mais resumidas dos assuntos exigidos nas provas da Receita Federal, e coloquei a quantidade de questões cobrada em cada prova sobre cada tema:

Como a banca não será mais a ESAF, precisamos levar em consideração agora os assuntos que as bancas FCC, FGV e CESPE mais valorizam. Afinal, mesmo que seja mantido o edital proposto pela ESAF, os elaboradores das questões serão aqueles que já atuam nas outras bancas e, naturalmente, devem aplicar o seu estilo de cobrança. Desta forma, eu diria que os temas mais importantes são:

• matemática financeira: juros simples e compostos, descontos, sistemas de amortização, anuidades / séries de pagamentos;
• estatística descritiva: cálculo de média, mediana, moda, variância, desvio padrão e coeficiente de variação;
• estatística inferencial: noções sobre testes de hipóteses e regressão linear;
• raciocínio lógico: lógica de argumentação e estruturas lógicas.

Os pontos MENOS importantes, como você deve ter notado, são aqueles de Matemática do ensino médio. Deles, só merece um pouco mais de atenção as questões sobre análise combinatória e probabilidade.

É possível se sair bem em Raciocínio Lógico detestando a matéria?

Eu sei que vários dos meus alunos tem verdadeiro “trauma” com exatas. Para muitos a matemática é uma lembrança ruim da época de ensino médio. Se você está nesta situação, saiba que é PLENAMENTE possível que você tenha um ótimo desempenho na prova, desde que estudando da forma correta.

Muitos dos aprovados na Receita Federal tem formações totalmente avessas às ciências exatas. Durante minha atuação como Auditor-Fiscal, tive colegas formados em fisioterapia, terapia ocupacional, odontologia, letras etc. Todos eles tiveram a ATITUDE correta: ao invés de ficar reclamando da cobrança desta matéria, trataram de enfrentá-la de uma vez por todas.

No próximo tópico vamos conversar justamente sobre o que você precisa fazer para enfrentar adequadamente esta disciplina.

Como enfrentar o Raciocínio Lógico para a Receita Federal?

Indo direto ao ponto, veja o que eu sugiro que você faça:

• estude com ANTECEDÊNCIA. É muito difícil aprender exatas rapidamente, em especial se você tem dificuldade na matéria. O ideal é estudar com foco no médio prazo, isto é, alguns meses;
• estude em doses curtas e frequentes. Acho interessante que você se programe para estudar somente 1 hora a 1h30 por dia, porém todos os dias. Assim você estará estudando a matéria sempre com um bom nível de concentração.
• estude no momento de maior disposição. Como você sabe que esta matéria vai te exigir mais, coloque-a no momento do dia em que você está mais disposto. Para muitos pode ser o início da manhã, já para outros pode ser no período noturno.
• sublinhe os principais conceitos. Não acho produtivo que você prepare um resumo escrito de raciocínio lógico. Sugiro que você sublinhe e faça anotações no seu material, guardando os conceitos mais relevantes. Os conceitos podem ser muito úteis em questões de lógica de argumentação e de matemática financeira, por exemplo.
• anote as principais fórmulas. Sugiro que, em uma folha de papel, você anote as fórmulas de matemática, matemática financeira e estatística, bem como as principais regras de lógica de argumentação. Acredite, se você organizar bem, dá para anotar em uma única folha (frente e verso) as fórmulas que você precisa memorizar. Tenha ela a mão, em local visível, para consultar enquanto resolve exercícios.
• marque os exercícios mais difíceis. À medida que você resolve questões (e você precisa fazer MUITOS), vá marcando aqueles que você teve maior dificuldade. Eles serão muito úteis nas suas revisões.
• revise periodicamente o conteúdo estudado. Recomendo que você releia os principais conceitos sublinhados, as fórmulas anotadas (garantido que você sabe utilizá-las), e resolva novamente as questões que julgou mais relevantes.

Veja aqui uma aula gratuita de Raciocínio Lógico sobre o tema Associações Lógicas (que faz parte das Estruturas Lógicas cobradas pela Receita Federal):

Considerações finais – Raciocínio Lógico para a Receita Federal

E aí, este artigo foi útil para você? Espero que sim. Torço muito para que, assim como vários dos meus alunos, você consiga enfrentar a minha disciplina (tendo ou não tendo dificuldade) e faça não somente os mínimos, mas sim chegue próximo de gabaritar a prova de Raciocínio Lógico da Receita Federal.

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Saudações,

Prof. Arthur Lima

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