O novo coronavírus e o carnaval brasileiro

A 82 dias do carnaval brasileiro, a China identifica o primeiro paciente de um surto de pneumonia viral em Wuhan, uma metrópole com 11 milhões de habitantes e que possui um sistema de metrô três vezes maior que o da cidade de São Paulo.

A 53 dias do carnaval, há centenas de casos de infectados pelo novo coronavírus na China, que não informa, até este momento, o caso para a OMS.

A 52 dias do carnaval, a China notifica a OMS sobre o surto, informando que não há transmissão de humano para humano e que a doença “é evitável e controlável”.

A 50 dias do carnaval, Singapura começa a controlar a chegada de passageiros vindos de Wuhan. No dia seguinte, Hong Kong e Taiwan fazem o mesmo.

A 47 dias do carnaval, a China repete que que não há transmissão de humano para humano. A OMS lança nota com a mesma afirmação. Com o mundo sem informações, o vírus ganha terreno e já circula na Itália (e, possivelmente, no resto da Europa). O fluxo de voos entre Europa e Brasil é muito maior que entre Brasil e China. De qualquer forma, o Brasil não faz qualquer controle de passageiros vindos dessas regiões.

A 43 dias do carnaval, com casos em pelos menos dois continentes, a China reconhece, pela primeira vez, que existe um novo coronavírus. A OMS lança nota onde “desaconselha a aplicação de quaisquer restrições de viagem ou comércio na China com base nas informações atualmente disponíveis.”

A 42 dias do carnaval, a OMS volta a afirmar, repetindo a China, “que não há transmissão significativa de humano para humano”.

A 40 dias do carnaval, a OMS repete: não há “nenhuma evidência clara de transmissão de humano para humano”.

A 39 dias do carnaval, a OMS repete: não há “nenhuma evidência clara de transmissão de humano para humano”.

A 38 dias do carnaval, a OMS passa a suspeitar de contaminação de humano para humano do novo coronavírus, porém: “agora está muito claro que nós não temos transmissão sustentada de humano para humano”.

A 35 dias do carnaval, Estados Unidos anunciam que os viajantes vindos de Wuhan serão submetidos à triagem em três aeroportos. A decisão desagrada a OMS.

A 34 dias do carnaval, já cientes do contágio de humanos para humanos do novo coronavírus, as autoridades de Wuhan permitem que 40 mil famílias se reúnam para compartilhar um banquete do Ano Novo Lunar.

A 33 dias do carnaval, a China finalmente confirma a transmissão de humano para humano do novo coronavírus. O governo afirma que a situação é controlável.

A 32 dias do carnaval, o presidente da China, Xi Jinping, fala pela primeira vez publicamente sobre o novo coronavírus.

A 30 dias do carnaval, pela primeira vez, a OMS reconhece que há transmissão de humano para humano.

O carnaval chega, milhões de brasileiros se encontram nas ruas. Beijam-se, abraçam-se, confraternizam-se, numa alegria apoteótica regada a cerveja e a artistas que brilham em cima dos trios elétricos.

Na quarta-feira de cinzas, sem qualquer ligação com o carnaval, o Brasil registra o seu primeiro caso de coronavírus. O governo não tinha uma política ativa para buscar os infectados. Os oitenta por cento que faziam parte dos assintomáticos e com sintomas leves, puderam levar suas vidas normalmente. Inclusive nos bloquinhos, se assim o quisessem.

Se você quiser se manter informado sobre o novo coronavírus e outros assuntos que podem ser cobrados numa prova de Atualidades, participe do canal de Atualidades que tenho no Telegram ou me siga no Instagram clicando AQUI.

CLIQUE AQUI PARA PARTICIPAR DO CANAL DO TELEGRAM