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Recursos contra 2 questões de Economia para o TCDF

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Jetro Coutinho26/02/2021

26/02/2021

Fala pessoal! Tudo beleza? Seguem abaixo dois recursos de Economia elaborados pelo Professor Paulo Nunes, aqui do Direção. Lembrem de colocar a argumentação abaixo com suas próprias palavras, ok?

O custo total médio e o custo marginal, ambos de longo prazo, são iguais a quatro unidades monetárias.

Gabarito Preliminar: Correto.

Gabarito Proposto: Errado.

A questão ora contestada traz como “certo” o gabarito de uma afirmação de que o custo médio de longo prazo é igual a quatro unidades monetárias, mas deve ser considerada “Errada”, pois o custo médio de longo prazo é, na realidade, menor do que quatro.

O custo médio é dado pela razão entre o custo total (CT) e o nível de produção (Y).

Dado que temos uma função de produção do tipo Cobb-Douglas de iguais expoentes entre os dois insumos, pode-se inferir que o gasto da firma no seu ponto ótimo de produção é igual para ambos os insumos.

Como o preço do capital é de uma unidade monetária (r = 1) e como o preço do trabalho é de duas unidades monetárias (w = 2), também é possível inferir que a firma utiliza o dobro de capital em relação a trabalho.

Ora: como o orçamento total é de quatro unidades monetárias e a firma gasta 50% do seu orçamento com cada insumo, é fácil ver que a firma aloca duas unidades monetárias com cada um deles.

Como r = 1, a firma usa duas unidades de capital, K (pois r.K = 1.2 = 2). Como w = 2, a firma usa uma quantidade de trabalho, L (pois w.L = 2.1 = 2).

Logo, a utilização de 1 unidade de trabalho e 2 unidades de capital respeita os pressupostos da teoria da firma, inclusive no que diz respeito à utilização total do orçamento.

Em outras palavras, ela está alcançando a isoquanta mais distante da origem a conseguir tangenciar a reta de restrição orçamentária.

Assim, como K = 2 e L = 1, temos:

CT = r.K + w.L

CT = 1.2 + 2.1 = 4

Ora: se o custo total de produção é igual a 4, basta dividi-lo pela quantidade produzida para que seja encontrado o custo médio desta produção no longo prazo.

Com o objetivo de descobrir a quantidade produzida, há que se substituir a quantidade ótima de cada insumo na função de produção do enunciado, como colocado abaixo:

Y = L0,5K0,5

Y = 10,5.20,5

Y = 1.20,5 = 20,5

Pode-se perceber que o nível de produção não é igual a 1, mas inferior a isso, já que o nível de produção é superior 1. Ressalta-se que o gabarito da afirmação seria “certo” se o denominador (aqui sendo a quantidade produzida) fosse igual a 1. Não o é, já que a raiz quadrada de 2 é aproximadamente 1,414, o que levaria o custo médio de longo prazo a aproximadamente 2,83. Abaixo está o referido cálculo:

Se Cme = CT/Y. Então:

Cme = 4/20,5

Cme = 4/1,414

Cme = 2,83

Assim, como o custo total médio é inferior a 4 unidades monetárias, pede-se, portanto, a alteração do gabarito da questão de certo para errado.

Aumento da velocidade de circulação da moeda provoca um deslocamento na função consumo e, consequentemente, na demanda agregada.

Gabarito Preliminar: Errado

Gabarito Proposto: Certo

A douta banca examinadora considerou errada a afirmação de que o “aumento da velocidade de circulação da moeda provoca um deslocamento na função consumo e, consequentemente, na demanda agregada”.

Pretende-se argumentar que tal afirmação está, na verdade, correta.

Importante notar que a análise da questão parte da chamada Equação Quantitativa da Moeda, que, segundo o Manual de Macroeconomia da USP, “fornece uma relação entre a quantidade de moeda e o valor total de transações realizadas e liquidadas em moeda, de acordo com a seguinte expressão”.

A expressão referida pelo Manual é:

MV = PT, onde:

M = quantidade de moeda;

V = velocidade de circulação da moeda;

P = nível geral de preços;

T = número de transações.

Na sequência, o mesmo Manual é bastante didático ao explicar o que vem a ser exatamente a “velocidade de circulação da moeda”, conceito cobrado na questão ora contestada:

“O termo V, velocidade de circulação da moeda, mostra o ‘giro’ de uma unidade monetária em um dado período de tempo, isto é, quantas vezes ela muda de mãos. Assim, por exemplo, a mesma nota de R$ 1,00 utilizada para pagar o café de manhã na padaria será usada por seu dono para dar troco para outro indivíduo, que a utilizará para pagar a passagem de ônibus, sendo repassada depois para outra pessoa, que a usará para comprar ficha telefônica, e assim por diante. Ou seja, como a nota utilizada para liquidar determinada transação não vai para debaixo do ‘colchão’, uma série de outras transações serão liquidadas pela mesma nota. A este giro, ou ao número de transações que são liquidadas por uma mesma unidade monetária (na média) em um dado período de tempo, denominamos por velocidade de circulação da moeda. Assim, o estoque de moeda (M) vezes seu ‘giro’ (velocidade de circulação) (V) é igual ao valor total das transações realizadas (PT).”

Dado que o número de transações (T) pode ser substituído na identidade pelo produto (renda) da economia, consegue chegar à equação que é inclusive utilizada para diferentes abordagens teóricas, nas quais não cabe aprofundamento aqui:

MV = PY, onde:

M = quantidade de moeda;

V = velocidade de circulação da moeda;

P = nível geral de preços;

Y = produto real da economia.

Ora: da mesma forma que se argumenta que a elevação da oferta de moeda (M) elevará a busca por transações por parte do público, o mesmo ocorre com a elevação da velocidade de circulação (V). Ambas ocupam o mesmo lado da identidade e se multiplicam. O impacto, portanto, é semelhante.

O aumento da velocidade de circulação da moeda nada mais é do que o público usando o estoque de moeda existente para transacionar mais, ou seja, para comprar mais bens e serviços.

Logo, pode-se inferir sem receio de equívoco que esta intensificação no “giro da moeda” significa sim uma expansão do consumo, graficamente demonstrado – e essa é a análise usada pela afirmação da questão – pelo deslocamento para fora da curva de consumo agregado.

Note-se que ao fim da explicação destes conceitos, o Manual de Macroeconomia da USP ressalta que “até o momento, a equação quantitativa é um truísmo ou tautologia, isto é, uma relação de definição. Ela se transforma em uma teoria, quando fazemos hipóteses sobre os fatores que afetam o comportamento das variáveis”.

Por isso, é importante ressaltar que considerar a afirmação da questão certa não significa dizer que o simples aumento da velocidade de circulação da moeda (V) ou do estoque de moeda (M) eleva o produto da economia, sobretudo de forma sustentável porque a variável de ajuste do outro lado da equação pode vir a ser o nível de preços (P). No entanto, não é ao crescimento sustentável a que a questão se refere, mas apenas ao deslocamento da função consumo e o consequente impacto na demanda agregada.

Portanto, descorrelacionar a velocidade de circulação da moeda e o consumo agregado, bem como seu impacto na demanda agregada, significa negar a identidade e o conceito estabelecido para o “giro da moeda”.

Assim, respeitosamente, pede-se a esta banca examinadora a alteração do gabarito da questão de errado para certo.

Jetro Coutinho

Jetro Coutinho

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