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Diga-me com quem o SE anda…

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José Maria26/12/2018

26/12/2018

Fala, moçada!

Não podemos confundir o 2º caso de indeterminação do sujeito – presença do SE índice de indeterminação do sujeito – com as construções em voz passiva sintética – presença do SE partícula apassivadora.

Professor, eis o problema! Como faço para diferenciar essas duas famigeradas funções do SE?

Meu caro aluno, você vai se recordar de um antigo ditado, que assim dizia…

DIGA-ME COM QUEM O “SE” ANDA, QUE LHE DIREI QUEM O “SE” É.

Isso é muito sério!

O “SE” PARTÍCULA APASSIVADORA (ou PRONOME APASSIVADOR) está grudado a um verbo que solicita OBJETO DIRETO – verbo transitivo direto ou transitivo direto e indireto.

Já o “SE” ÍNDICE DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO está grudado a um verbo que NÃO solicita OBJETO DIRETO – verbo intransitivo, transitivo indireto ou de ligação.

Além disso, a PARTÍCULA APASSIVADORA tem a nobre missão de transformar o OBJETO DIRETO do verbo em SUJEITO PACIENTE. Já o ÍNDICE DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO, além obviamente de indeterminar o sujeito, “escraviza” o verbo na 3a pessoa do singular.

Vamos sumarizar graficamente?

Exemplos:

I – Não se verificaram, durante a auditoria, erros graves.

II – Não se acreditou, mesmo com todos os depoimentos de testemunhas de defesa, na sua versão.

Note que, na frase I, o SE está ladeado do verbo “verificar”. Como se trata de um verbo VTD – Verbo Transitivo Direto (Quem verifica verifica ALGO), o SE assume papel de PARTÍCULA APASSIVADORA, tendo como missão transformar o objeto direto – no caso “erros graves” – em sujeito paciente. Como o sujeito paciente “erros graves” possui núcleo plural, faz-se necessário flexionar o verbo na forma plural “se verificaram”.

Já na frase II, o SE está ladeado do verbo “acreditar”. Como se trata de um verbo VTI – Verbo Transitivo Indireto (Quem acredita acredita em ALGO/AGUÉM), o SE assume papel de ÍNDICE DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO, “escravizando” o verbo na forma singular “se acreditou”.

Vamos complicar um pouco mais! Observe:

Descobriu-se, após minuciosa investigação conduzida pela Polícia Federal, em parceria com autoridades do Ministério Público da Suíça, a fraude contábil na renomada estatal.

Meu caro aluno, não muda nada! Sigamos o passo a passo:

  • O SE é apassivador, pois está ladeado de um verbo que pede OD (Quem descobriu descobriu ALGO).
  • O objeto direto do verbo “descobrir” seria, numa situação normal,“a fraude contábil…” (Quem descobriu descobriu a fraude contábil…).
  • Com a entrada do SE apassivador, o OD “a fraude contábil” se converte em sujeito paciente.

Precisamos ficar muito atentos com a concordância entre verbo e sujeito paciente, ok?

Vimos que “a fraude contábil… ” atua como sujeito, certo? Se no lugar pusermos “as fraudes contábeis”, deveremos flexionar a forma verbal acompanhada do SE no plural – “Descobriram-se”. A frase resultante seria:

Descobriram-se, após minuciosa investigação conduzida pela Polícia Federal, em parceria com autoridades do Ministério Público da Suíça, as fraudes contábeis na renomada estata

Vejamos uma questão:

CESPE – TCE/SC – 2016

Entende-se que a integridade pública representa o estado ou condição de um órgão ou entidade pública que está “completa, inteira, perfeita, sã”, no sentido de uma atuação que seja imaculada ou sem desvios, conforme as normas e valores públicos.

O sujeito da oração iniciada por “Entende-se” é indeterminado.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Resolução:
O SE está ladeado do verbo ENTENDER, que solicita OBJETO DIRETO. Dessa forma, o SE é apassivador, e não índice de indeterminação.
O SE apassivador transformará o objeto direto do verbo ENTENDER – no caso, a oração “que a integridade pública…” – em SUJEITO PACIENTE.
RESPOSTA: ERRADO

CESPE – PC/PE – 2016

Texto CG1A01BBB 
Não são muitas as experiências exitosas de políticas públicas de redução de homicídios no Brasil nos últimos vinte anos, e poucas são aquelas que tiveram continuidade. O Pacto pela Vida, política de segurança pública implantada no estado de Pernambuco em 2007, é identificado como uma política pública exitosa. O Pacto Pela Vida é um programa do governo do estado de Pernambuco que visa à redução da criminalidade e ao controle da violência. A decisão ou vontade política de eleger a segurança pública como prioridade é o primeiro marco que se deve destacar (e) quando se pensa (a) em recuperar a memória dessa política, sobretudo quando se considera (b) o fato de que o tema da segurança pública, no Brasil, tem sido historicamente negligenciado. Muitas autoridades públicas não só evitam associar-se (c) ao assunto como também o tratam de modo simplista, como uma questão que diz respeito apenas à polícia. O Pacto pela Vida, entendido como um grande concerto de ações com o objetivo de reduzir a violência e, em especial, os crimes contra a vida, foi apresentado à sociedade no início do mês de maio de 2007. Em seu bojo, foram estabelecidos os principais valores que orientaram a construção da política de segurança, a prioridade do combate aos crimes violentos letais intencionais e a meta de reduzir em 12% ao ano, em Pernambuco, a taxa desses crimes. Desse modo, definiu-se (d), no estado, um novo paradigma de segurança pública, que se baseou na consolidação dos valores descritos acima (que estavam em disputa tanto do ponto de vista institucional quanto da sociedade), no estabelecimento de prioridades básicas (como o foco na redução dos crimes contra a vida) e no intenso debate com a sociedade civil. A implementação do Pacto Pela Vida foi responsável pela diminuição de quase 40% dos homicídios no estado entre janeiro de 2007 e junho de 2013. 
José Luiz Ratton et al. O Pacto Pela Vida e a redução de homicídios em Pernambuco. Rio de Janeiro: Instituto Igarapé, 2014. Internet: <https://igarape.org.br> (com adaptações).

No texto CG1A01BBB, a partícula “se” foi empregada para indeterminar o sujeito em
a) “se pensa”.
b) “se considera”.
c) “associar-se”.
d) “definiu-se”.
e) “se deve destacar”.

Resolução:
O SE está ladeado do verbo que solicitam OBJETO DIRETO nas letras B, D e E – considerar, definir e destacar, respectivamente. Nesses casos, o SE é apassivador.
Na letra C, temos um SE reflexivo, equivalente a “a si mesmas”.
Por fim, na LETRA A, o SE está ladeado do verbo PENSAR, que solicita OBJETO INDIRETO introduzido pela preposição EM. O SE, portanto, assume o papel do ÍNDICE DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO.
RESPOSTA: A

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José Maria

José Maria

Professor de Língua Portuguesa para concursos há 10 anos. Atuou como Consultor de Língua Portuguesa na CNI (Confederação Nacional da Indústria) no Projeto Educação Livre. É autor de livros e materiais didáticos para ENEM e Concursos Públicos. Formado em Engenharia Eletrônica pelo ITA.

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