Marcelo Soares • 06/06/2022
06/06/2022Fala pessoal!
Professor Marcelo Soares na área para mais um bate-papo.
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Pois bem. Feito o convite, vamos ao que interessa. Hoje, conversaremos sobre a evolução do estudo da liderança.
Inicialmente, as primeiras hipóteses formuladas pelos estudiosos de Administração era que as pessoas nasciam líderes, ou seja, existiria um fator genético, uma espécie de “dom” inato que fazia com que determinados indivíduos possuíssem uma forte habilidade em influenciar outras pessoas. Presumindo que isso era verdade e considerando que a liderança é um aspecto fundamental para o desenvolvimento de organizações, os primeiros estudos buscaram mapear quais seriam as características de personalidade de um líder. A ideia era que ao ter isso mapeado, as organizações conseguiriam recrutar e selecionar líderes e com isso obter melhores resultados. Esse esforço inicial foi consolidado no que conhecemos hoje como Teoria dos Traços.
A partir de diversas pesquisas científicas com destaque especial para as pesquisas desenvolvidas na Universidade de Ohio nos Estados Unidos, percebeu-se que a liderança não decorre exclusivamente de traços de personalidade, podendo ser aprendida e desenvolvida. Assim, seriam, na verdade, os comportamentos adotados pelo líder os fatores determinantes para uma boa liderança. Dessa forma, buscou-se mapear os comportamentos dos líderes na busca de identificar quais são os comportamentos do líder e qual seria o comportamento que produziria o melhor resultado. Desses esforços, temos as chamadas teorias comportamentais da liderança. Essas teorias, essencialmente, buscam enquadrar o comportamento dos líderes dentro de determinados modelos para que possam ser comparados.
Após os modelos de liderança terem sido identificados, quantificados e mapeados percebeu-se por meio de testes empíricos (testes práticos nas empresas) que não existia um melhor comportamento do líder, ou seja, não existia uma única forma correta de liderar. Pelo contrário, a efetividade da liderança estava relacionada ao contexto no qual era ela estava inserida. Determinados indivíduos mostram-se extremamente hábeis na liderança em determinadas empresas e catastróficos em outras empresas. A partir desse momento, os estudos da Administração passam a buscar identificar quais variáveis dentro do contexto que são decisivas para que o líder defina o seu comportamento e, assim, consiga produzir os melhores resultados. Essas pesquisas deram origem ao que conhecemos como teorias contingenciais da liderança.
Existe ainda estudos recentes e ainda incipientes sobre novas formas de liderar. Esses estudos têm dado origem ao que costumeiramente denominamos de novas abordagens de liderança ou abordagens emergentes de liderança. Como são pesquisas relativamente recentes temos pouco conteúdo, sendo relevantes apenas que você tenha uma visão geral.
Gosto de fazer essa contextualização para que consiga compreender, de fato, as teorias da liderança e como o conhecimento em Administração é construído tijolinho por tijolinho. Cria-se uma hipótese, realizam-se vários testes estatísticos e empíricos e, por fim, valida-se uma teoria. Posteriormente, acrescentam-se novas variáveis, mais e mais testes e se consegue obter uma nova teoria que retrata um pouco melhor a complexidade do ambiente organizacional. Na obra de Chiavenato (2016) temos um quadro que sintetiza as diversas abordagens da liderança:
A partir dessa visão geral vamos estudar em detalhes cada uma das principais teorias de liderança, as quais estão dispostas no esquema abaixo:
Vamos fixar com algumas questões?
FGV – IBGE – Agente Censitário Administrativo- 2017)
As teorias de liderança que buscam identificar qualidades e características pessoais que diferenciam líderes de não líderes são conhecidas, no campo da Administração, como teorias:
a) contingenciais;
b) transformacionais;
c) de liderança autêntica;
d) dos traços;
e) comportamentais.
COMENTÁRIO:
Essa questão envolve a evolução do estudo da liderança.
Inicialmente, as primeiras hipóteses formuladas pelos estudiosos de Administração era que as pessoas nasciam líderes, ou seja, existiria um fator genético, uma espécie de “dom” inato que fazia com que determinados indivíduos possuíssem uma forte habilidade em influenciar outras pessoas. Presumindo que isso era verdade e considerando que a liderança é um aspecto fundamental para o desenvolvimento de organizações, os primeiros estudos buscaram mapear quais seriam as características de personalidade de um líder. – Teoria dos traços.
A partir de diversas pesquisas científicas com destaque especial para as pesquisas desenvolvidas na Universidade de Ohio nos Estados Unidos, percebeu-se que a liderança não decorre exclusivamente de traços de personalidade, podendo ser aprendida e desenvolvida. Assim, seriam, na verdade, os comportamentos adotados pelo líder os fatores determinantes para uma boa liderança. – Teorias comportamentais da liderança.
Após os modelos de liderança terem sido identificados, quantificados e mapeados percebeu-se por meio de testes empíricos (testes práticos nas empresas) que não existia um melhor comportamento do líder, ou seja, não existia uma única forma correta de liderar. Pelo contrário, a efetividade da liderança estava relacionada ao contexto no qual era ela estava inserida. – Teorias contingenciais da liderança.
Existe ainda estudos recentes e ainda incipientes sobre novas formas de liderar. Esses estudos têm dado origem ao que costumeiramente denominamos de novas abordagens de liderança ou abordagens emergentes de liderança.
Conforme exposto, podemos concluir que as teorias de liderança que buscam identificar qualidades e características pessoais que diferenciam líderes de não líderes são conhecidas são as teorias dos traços.
Gabarito: Letra D
FCC – PGE/MT – Administrador – 2016)
Os conceitos de liderança e a forma de aplicá-los vêm se desenvolvendo ao longo dos anos, impactando a maneira de conceber a figura do líder. Nesse contexto, emergem as Teorias de Estilos de Liderança, também chamadas Teorias Comportamentais, nas quais se sustenta que
a) os líderes possuem habilidades inatas, ligadas ao desempenho da tarefa, não passíveis de serem desenvolvidas.
b) os traços de personalidade, como o carisma, são determinantes para a construção da liderança.
c) existem características individuais, de natureza universal, relativas à liderança, notadamente os traços intelectuais.
d) o que determina o desenvolvimento do líder são as contingências apresentadas pelo ambiente.
e) a liderança não decorre exclusivamente de traços de personalidade, podendo ser aprendida e desenvolvida.
COMENTÁRIO:
O enunciado está tratando sobre as teorias comportamentais, ou seja, as teorias que estudaram e mapearam os comportamentos dos líderes a fim de identificar qual deles seria o melhor estilo de liderança.
Alternativa A. Errado. Alternativa construída a partir das ideias da teoria dos traços.
Alternativa B. Errado. Alternativa construída a partir das ideias da teorias dos traços.
Alternativa C. Errado. Alternativa construída a partir das ideias da teorias dos traços.
Alternativa D. Errado. Alternativa construída a partir das ideias das teorias contingenciais (teorias que sugerem que não existe um melhor tipo de liderança. Tudo depende do contexto no qual a liderança é exercida).
Alternativa E. Certo. As teorias comportamentais rompem com as ideias de que a liderança seria respondida exclusivamente por meio de traços inatos de personalidade. Propõe-se, na verdade, que a liderança é uma decorrência dos comportamentos do líder, os quais podem ser aprendidos e desenvolvidos.
Gabarito: E
CEBRASPE – PGE/PE – Analista Administrativo – 2019)
Entre os fatores que levam à liderança situacional encontram-se as diversas circunstâncias relacionadas ao líder (conhecimento, valores, experiência); aos funcionários (capacidade e desejo de assumir responsabilidades e de identificar e resolver problemas, natureza da tarefa a ser desenvolvida e pressão para a conclusão); e à organização (clima organizacional, por exemplo).
COMENTÁRIO:
A evolução do estudo da liderança pode ser descrita por meio de quatro grupos de teorias:
1) Teorias dos traços: crença de que a liderança era um “dom” inato. Assim, alguns indivíduos nasciam líderes.
2) Teorias comportamentais: crença de que a liderança decorria de um comportamento do líder e não dos traços de personalidade. Essas teorias se esforçam para identificar quais seriam os comportamentos dos líderes que produziriam os melhores resultados.
3) Teorias situacionais: crença de que não existe melhor estilo de liderança. A liderança é fenômeno social que ocorre em determinado contexto em virtude das características do líder e dos liderados.
4) Teorias emergentes: teorias contemporâneas da liderança. Essas teorias ainda estão relativamente fragmentadas, posto que muitas pesquisas ainda estão em andamento. Dentre os principais exemplos, temos a liderança carismática e a liderança transformacional.
O enunciado descreve corretamente as características das teorias situacionais da liderança. De acordo com esse grupo de teorias, a liderança situacional ocorre em razão de uma confluência de circunstâncias relacionadas ao ambiente (contexto), líder e liderados.
CEBRASPE – PGE/PE – Analista Administrativo – 2019)
Julgue o item a seguir, acerca de liderança.
De acordo com a teoria dos traços, determinadas qualidades e características pessoais presentes em um indivíduo são indicativos de que ele poderá ou não vir a ser um líder, mas não determinam se ele necessariamente será bem sucedido na liderança.
COMENTÁRIO:
Enunciado pode causar um certo desconforto no concurseiro veterano. Seria uma pegadinha da sempre maldosa CEBRASPE? Vejamos por partes:
“De acordo com a teoria dos traços, determinadas qualidades e características pessoais presentes em um indivíduo são indicativos de que ele poderá ou não vir a ser um líder”
Certo. A teoria dos traços defende a ideia de que existem traços inatos que tornam um indivíduo propenso a ser um líder. Nesse sentido, segundo a teoria dos traços, os líderes nascem líderes.
O fato de nascerem líderes não significa que vão exercer a liderança. Segundo a teoria dos traços, alguns traços de personalidade funcionam como uma fonte de poder. Lembre-se que poder é o potencial para influenciar o comportamento de alguém. Ainda que a pessoa possua um potencial para influenciar, ela pode optar por não desenvolver esse potencial. Assim, da mesma forma como ocorre, por exemplo, com o Zacarias que nasceu com o biótipo perfeito para ser nadador, mas decidiu ser contador, a liderança poderia não ser exercida mesmo por pessoas com os traços apropriados.
Vale relembrar que a teoria dos traços possui diversas limitações e está em desuso na Administração.
“mas não determinam se ele necessariamente será bem sucedido na liderança.”
Certo. A liderança, apesar de um elemento indispensável no ambiente organizacional, não é suficiente para assegurar os resultados organizacionais. Em um exemplo extremo, podemos pensar em Adolf Hitler. A capacidade de liderança dele (capacidade de influenciar pessoas) é incontestável pelos relatos históricos. Entretanto, essa capacidade de influenciar pessoas foi utilizada para conduzir uma série de decisões equivocadas, as quais resultaram em vários dos episódios mais tristes da humanidade. Em resumo: o exercício da liderança não significa bons resultados organizacionais, caso a direção esteja errada.
Sobre o tema, vejamos a lição de Stephen Robbins:
O fato de um indivíduo apresentar determinados traços e ser considerado um líder pelos demais não significa, necessariamente, que ele será bem-sucedido em liderar seu grupo para o alcance dos objetivos. (Robbins, S. Comportamento Organizacional, 11ª edição, p.260).
Do exposto, verificamos que o enunciado está correto.
CESPE – DPU – Agente Administrativo – Conhecimentos Específicos– 2016)
Acerca de comportamento organizacional, julgue o item que se segue.
Atualmente, a liderança que contribui para o desempenho eficaz da equipe ampara-se em características ou qualidades pessoais como carisma, propósito e realização, o que leva as pessoas a perceberem a influência do líder em situações de maior ou menor estabilidade.
COMENTÁRIO:
A primeira das teorias da Administração sobre liderança foi a dos traços de personalidade. De acordo com essa teoria, algumas pessoas eram, naturalmente, extrovertidas, comunicativas, carismáticas e, assim, simplesmente nasciam como líderes. Enquanto outras pessoas, menos afortunadas, nasciam para ser liderados.
Ainda presente no imaginário popular, essa teoria caiu em descrédito à medida que se percebeu que grandes líderes não compartilhavam necessariamente das mesmas características. Margareth Thatcher e Adolf Hitler, por exemplo, foram capazes de influenciar milhares de pessoas e alterar os rumos da história mesmo não possuindo carisma e sendo introvertidos.
Hoje em dia os estudiosos acreditam que alguém pode se tornar líder sem necessariamente ter nascido com as características de personalidade/traços pessoais que fazem o indivíduo ter esse dom, portanto, o enunciado está errado.
Espero que tenha curtido nosso bate-papo de hoje. Se quiser aprofundar seus conhecimentos em Administração, sugiro que conheça nossos cursos.
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Forte Abraço e até o nosso próximo encontro.
Marcelo Soares
Auditor do Estado do Mato Grosso. Graduado em Administração, pós-graduado em Gestão Pública e mestre em Administração (Estratégia e Governança Corporativa). Aprovado e nomeado nos cargos de Auditor do Estado do Mato Grosso, Auditor Fiscal da Receita Municipal de Cuiabá, Auditor Governamental do Piauí, duas vezes para Analista Judiciário - área administrativa (TRF-1ª, TRT-11ª), Administrador da EBCT, Administrador da Secretaria de Cultura do Amazonas, Administrador da Secretaria de Infraestrutura do Amazonas, Agente de Fomento - área administrativa da AFEAM.
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