José Maria • 15/09/2019
15/09/2019Olá, caros alunos!
Eis o meu gabarito extraoficial. Tomei por base a prova Tipo 3 – Amarela. Estejamos atentos para quaisquer possíveis divergências com o gabarito oficial, a ser publicado nos próximos dias. Não se preocupem, pois me disponibilizarei para sugerir, se for o caso, recursos pertinentes.
No mais, quero parabenizá-los por todo o esforço! Foi uma verdadeira batalha! E vocês evoluíram muito, podem ter certeza disso!
Avante!
Professor José Maria – Instagram @professorjosemaria
01)
Não se enforca um homem por ele ter roubado cavalos, mas para que cavalos não sejam roubados.
Segundo esse pensamento:
Gabarito: (B) As penas devem servir de exemplo social.
Comentários:
Note que a conjunção adversativa MAS dá destaque à oração “mas para que cavalos não sejam roubados”. Isso posto, a ênfase do pensamento está em evitar que o crime seja cometido. Existem as punições, portanto, não tendo como foco um infrator em específico, mas sim a infração de forma geral.
O recado (exemplo) que fica para a sociedade é que ninguém deve cometer infrações.
Resposta: Letra B
02)
“Tive professores ruins. Foi uma boa escola.”
… a conjunção que pode ligá-los de forma adequada ao sentido pretendido por seu autor é:
Gabarito: (A) Tive professores ruins, por isso foi uma boa escola.
Comentários:
Olha aí a FGV!!! Questão sutil!!!
O candidato, numa primeira impressão, associa sentidos de oposição entre as duas frases. Sendo assim, a tendência de muitos é olhar para as letras B (Tive professores ruins, apesar disso foi uma boa escola.) e C (Tive professores ruins, foi, porém, uma boa escola.). No entanto, a letra C apresenta claro problema de coesão, o que já a torna inválida.
Ocorre que o enunciado frisa O SENTIDO PRETENDIDO PELO AUTOR.
Como se trata de um poema, não é de se esperar que o sentido pretendido seja o denotativo, ou literal, associado à oposição, contraste.
Provavelmente, o poeta está sendo irônico, ao dizer que a qualidade da sua escola fora justamente a presença de professores ruins. De forma literária, conotativa, o eu-lírico nos disse que aprendeu muito com os professores ruins que teve.
Dessa forma, ligando as duas orações de modo a reproduzir o sentido pretendido pelo poeta, teremos: “Tive professores ruins, por isso foi uma boa escola”.
Resposta: Letra A
03)
“Cometeu o crime quem dele recebeu benefícios”
Considerando-se que o crime aludido seja um assassinato, segundo esse pensamento:
Gabarito: (E) todos os assassinatos encobrem interesses materiais.
Comentários:
Questão muito sutil!!!
Sendo o crime um assassinato, a autoria deste parte de alguém que dele recebeu algum tipo de benefício. Entendamos por benefício alguma vantagem na forma de dinheiro, bens ou outros interesses materiais.
A letra A (todo assassino recebe pagamento por um crime cometido) limita o benefício a uma vantagem pecuniária. O assassino pode ter tido outros benefícios, que não o dinheiro.
A letra B (os assassinos cometem os crimes por razões pessoais) não reflete precisamente a motivação por algum tipo de vantagem. A razão pessoal pode não ser vantajosa, de acordo com a redação dessa alternativa.
A letra C (todo crime traz benefícios ao assassino) traz o benefício como um resultado do crime, e não como uma motivação para a execução deste.
A letra D (os assassinos retiram bens materiais das vítimas) limita o benefício a bens materiais. O assassino pode ter tido outros benefícios, que não bens materiais.
A letra E apresenta a motivação material – dinheiro, bens ou outros interesses materiais – como razão para o crime.
Resposta: Letra E
04)
A frase abaixo que mostra uma visão positiva da Justiça é:
Gabarito: (E) Justiça seja feita, independentemente dos criminosos.
Comentários:
Duas opções poderiam gerar dúvidas: a letra C (Saia do caminho da justiça, pois ela é cega) e a E (Justiça seja feita, independentemente dos criminosos.).
Na C, dá-se a entender que devemos fugir da justiça, não ficando no seu caminho. Isso transmite uma ideia de uma justiça que persegue, e não acolhe.
Já na E, dá-se a entender que a justiça trata todos os criminosos de forma coerente, sem privilegiar uns ou outros por razões indevidas.
Resposta: Letra E
05)
A única substituição inadequada entre as propostas nas opções abaixo é:
Gabarito: (C) manter-se = tornar-se
Comentários:
A ideia de “manter-se” está associada à ideia de continuidade. Já a ideia de “tornar-se”, à de transformação.
Resposta: Letra C
06)
… a frase abaixo em que esse mesmo acento está equivocado é:
Gabarito: (A) Quem perdoa uma culpa encoraja à cometer muitas outras;
Comentários:
Comete-se um erro explícito ao se pôr uma crase antes da forma verbal “cometer”.
Resposta: Letra A
07)
“É claro que a justiça, sendo cega, não vê se é vista, e então não cora”.
A forma oracional de gerúndio “sendo cega” poderia ser adequadamente substituída por:
Gabarito: (D) já que é cega.
Comentários:
A oração reduzida possui valor causal. Isso pode ser evidenciado com a seguinte reescrita: A justiça não vê se é vista, porque é cega.
A única opção que traz um conector causal é “já que”.
Na letra A, o conector “pois” se apresenta como explicativo. A oração por ele introduzida não pode ser deslocada, como apresentado na redação do item.
Resposta: Letra D
08)
Uma das leis da textualidade é a coerência; a frase abaixo em que a coerência está presente:
Gabarito: (D) Ter má fama quando morto não importa;
Na letra D, não soa incoerente adquirir má fama apenas depois de morto. E como se está morto, ter má fama não é importante (não importa).
As demais apresentam uma incoerência lógica em suas redações. Vejamos:
a) Antes do Código Penal não existiam crimes (versão incoerente). Antes do Código Penal existiam crimes (versão coerente)
b) As prisões ensinam a recuperação imoral a criminosos (versão incoerente). As prisões ensinam a recuperação moral a criminosos (versão coerente).
c)Desejo ser incluído fora desse julgamento (versão incoerente). Desejo ser excluído desse julgamento (versão coerente).
e) Passar muito tempo estudando é preguiça (versão incoerente). Passar pouco tempo estudando é preguiça (versão coerente).
Resposta: Letra D
09)
Querendo abolir a pena de morte, que comecem os senhores assassinos!
Em relação à pena de morte, esse pensamento é:
Gabarito: (E) contrário, indicando a sua abolição, começando pelo fato de os assassinos deixarem de matar.
Comentários:
No entender do autor do pensamento, se for para abolir a pena de morte, que esta deixe de ser aplicada pelos assassinos, que devem parar de matar suas vítimas.
Uma das possibilidades de entendimento é a de que o pensamento é contrário à adoção desse tipo de pena. Propõe como exemplo a abolição desse castigo primeiramente por parte dos assassinos.
Resposta: Letra E
10)
Parece-me absurdo que as leis, que são a expressão da vontade pública, que abominam e punem o homicídio, o cometam elas mesmas e que, para dissuadir o cidadão do assassínio, ordenem um assassínio público.
Esse pensamento pretende condenar:
Gabarito: (B) a adoção da pena de morte;
Comentários:
O autor do texto aponta a hipocrisia das leis que condenam e punem o homicídio, mas que preveem como forma de punição um assassínio.
Trata-se de uma posição contrária à adoção da pena de morte por parte do Estado. Não faz sentido o Estado ter o poder legal de matar, mas desautorizar alguém a cometer um assassinato.
Resposta: Letra B
11)
“O fim das penas não é atormentar, perseguir e afligir um ser sensível…”
… nesse caso, a substituição inadequada seria:
Gabarito: (B) perseguir um ser sensível/perseguição de um ser sensível;
Comentários:
Na redação original, o fim (o objetivo) das penas não é perseguir um ser sensível. O ser sensível é apresentado como um alvo, ou seja, ele é perseguido.
Na redação proposta – O fim das penas não é perseguição de um ser sensível -, é possível entender que o ser sensível é agente da perseguição, ou seja, é ele que persegue.
A nominalização proposta gera ambiguidade.
Resposta: Letra B
12)
A frase cuja estrutura não se apoia em uma comparação ou metáfora é:
Gabarito: (C) Encontrei Roma como uma cidade de tijolos e a deixei como uma cidade de mármore.
Na letra C, as expressões “como uma cidade de tijolos” e “como uma cidade de mármore” representam estados associados a Roma. Possuem função de predicativo do sujeito.
Não há, portanto, uma ideia de comparação ou uma metáfora. Há sim a sinalização de um estado em que Roma se encontrava e em que foi deixada.
Analisando as demais letras:
Letra A – Leis são como salsichas … = Leis são tais quais salsichas… (Comparação)
Letra B – A compra de autoridades ocorreu do mesmo modo como se compra bacalhau… = A compra de autoridades ocorreu tal qual a compra de bacalhau… (Comparação)
Letra D – Cuidar da casa e da família é como presidir um pequeno país … = Cuidar da casa e da família é tal qual presidir um pequeno país…
Letra E – Fazer política é a arte de dividir o bolo … = Fazer política é (como se fosse) a arte de dividir o bolo … (Metáfora = Comparação Subjetiva Implícita)
Resposta: Letra C
13)
O vocábulo “maior” se refere prioritariamente a realidades que tenham uma extensão física…; nesse caso, a frase abaixo em que esse vocábulo foi bem empregado:
Gabarito: (E) Já está lotada a maior prisão do país.
Na letra A, “maior” está modificando “informações” – não possui extensão física; na letra B, “freios aos delitos” – não possui extensão física; na letra C, “resultados” – não possui extensão física; na letra D, “punição” – não possui extensão física.
Já na letra E, em “a maior prisão do país”, é possível associar uma extensão física à prisão. Trata-se da prisão do país com a maior área de ocupação.
Trata-se de uma questão parecidíssima com uma resolvida em nossa última aula do curso – Aula 12 – Provas Comentadas:
Resposta: Letra E
14)
Há uma espécie de conforto na autocondenação. Quando nos condenamos, pensamos que ninguém mais tem o direito de fazê-lo.
… a única afirmação adequada é:
Gabarito: (A) o segundo período funciona como uma explicação do primeiro.
Comentários:
É possível reescrever o texto da seguinte forma: “Há uma espécie de conforto na autocondenação, POIS, quando nos condenamos, pensamos que ninguém mais tem o direito de fazê-lo”.
A letra B está errada, pois QUANDO, no contexto, indica a ideia de tempo.
A letra C está errada, pois o pronome NOS se refere a todos, não apenas aos autores.
A letra D está errada, pois o verbo FAZER é vicário, assumindo o lugar de CONDENAR.
A letra E está errada, pois o pronome LO se refere à condenação.
Resposta: Letra A
15)
Há uma espécie de conforto na autocondenação. Quando nos condenamos, pensamos que ninguém mais tem o direito de fazê-lo.
A frase abaixo em que o vocábulo “mais” mostra o mesmo valor que na frase acima é:
Gabarito: (D) Não se enforca um homem por ele ter roubado cavalos, mas para que cavalos não sejam mais roubados.
Comentários:
Quando se diz “ninguém mais tem o direito”, quer transmitir a ideia do “antes sim; agora não”. Em outras palavras, antes alguém tinha o direito e agora, não mais.
Essa mesma ideia está na letra D: antes cavalos eram roubados e agora, não mais.
Nas demais opções, o “mais” atua como advérbio de intensidade nas letras A (mais intensa), B (mais severo) e C (mais… rápida); e como pronome indefinido, expressando quantidade, na letra E (a leitura de um livro mais = a leitura de mais um livro).
Resolvemos questão parecidíssima na Aula 01 – Classes de Palavras I:
16)
O Antigo Testamento traz na frase “Olho por olho, dente por dente” uma indicação de como a justiça deve ser feita.
Essa recomendação defende que:
Gabarito: (B) o assassino deve sofrer perda idêntica à causada por ele;
Comentários:
O candidato poderia ficar na dúvida entre as letras B (o assassino deve sofrer perda idêntica à causada por ele) e D (a extensão da pena imposta ao criminoso deve ser proporcional ao mal por ele causado).
No entanto, veja que as figuras “olho por olho, dente por dente” não dão a ideia de proporcionalidade, mas sim de equivalência.
Exemplificando de uma forma cruel, se o bandido cortar a mão de alguém, ele também terá sua mão cortada; se ele matar o filho de alguém, terá também seu filho morto como punição…
Resposta: Letra B
17)
A frase abaixo que foi construída exclusivamente por linguagem formal é:
Gabarito: (E) Somente o que perdi é meu para sempre.
Comentários:
Destaquemos trechos coloquiais nas demais opções:
Na letra A, temos o emprego informal do tratamento “a gente”.
Na letra B, temos o tratamento coloquial e chulo “filho da mãe”.
Na letra C, temos o emprego coloquial de “Tem” no sentido de “Há”, “Existem”.
Na letra D, temos o emprego coloquial de oblíquo “Me” em início de frase.
Resposta: Letra A
18)
… nessa frase, o vocábulo de valor geral “lugar” substitui um vocábulo de valor específico “casa”.
A mesma situação ocorre, respectivamente, com o seguinte par de palavras:
Gabarito: (A) sala/cômodo
Comentários:
O candidato poderia ficar na dúvida entre as letras A (sala/cômodo) e D (tecnologia/computador). Ocorre que o enunciado cita RESPECTIVAMENTE, perceba! Dessa forma, primeiro precisa aparecer o vocábulo de valor específico (sala) e depois, o de valor geral (cômodo).
Na letra D, ocorreu o inverso: primeiro o geral (tecnologia); depois o específico (computador).
Resposta: Letra A
19)
“Quanto mais a pena for rápida e próxima do delito, tanto mais justa e útil ela será”.
Nesse pensamento, há uma correlação entre dois termos precedidos por “Quanto mais” e “tanto mais”, que são:
Gabarito: (D) mais rápida e próxima/mais justa e útil.
Comentários:
Note que “Quanto mais” está associado aos adjetivos “rápida” e “próxima”.
Já “tanto mais” está associado aos adjetivos “justa” e “útil”.
Dessa forma, o primeiro grupo refere-se aos modificados por “Quanto mais” – “rápida e próxima”. Já o segundo grupo, aos modificados por “tanto mais” – “justa e útil”.
Resposta: Letra D
20)
O bom juiz não deve ser jovem, mas ancião, alguém que aprendeu tarde o que é a injustiça, sem tê-la sentido como experiência pessoal e ínsita na sua alma; mas por tê-la estudado, como uma qualidade alheia, nas almas alheias.
Segundo Platão, a qualidade básica do bom juiz é:
Gabarito: (D) estudar impessoalmente a injustiça.
Comentários:
A letra A (ter idade avançada) não representa a qualidade básica apontada por Platão. Os vocábulos “jovem” e “ancião” estão empregados em sentido figurado, associados não à idade, mas à maturidade e ao conhecimento.
A letra B (fazer estudos profundos) pode gerar dúvidas. Não adianta estudar profundamente qualquer assunto ligado à justiça, segundo o autor. É necessário estudar especificamente e profundamente a injustiça de que são vítimas os outros.
A letra C (haver experimentado injustiças) contradiz o texto. O autor foca a injustiça sofrida pelos outros, e não a sofrida pelo juiz durante sua vida.
A letra D (estudar impessoalmente a injustiça) é o nosso gabarito. Deve-se estudar a injustiça não sob o ponto de vista pessoal (intimista, subjetivo), mas sim sob a visão de quem as sofre. Deve-se tratar a injustiça algo alheio, e não íntimo, pessoal.
A letra E (critica a injustiça nas almas alheias) foge do conteúdo abordado no texto. Nele, não há uma crítica, mas sim uma descrição dos atributos de um bom juiz.
Resposta: Letra D
21)
Um célebre crítico disse certa vez sobre um político: “Era um deputado conservador. Seu único programa político era conservar sua cadeira na Câmara”.
O humor dessa frase está no(a):
Gabarito: (E) sentido inesperado dado ao termo “conservador”.
Comentários:
O candidato pode ficar em dúvida entre as letras A (crítica ao apego exagerado ao cargo) e E (sentido inesperado dado ao termo “conservador”).
Note que não se trata propriamente de um apego ao cargo (gosto pelo cargo que ocupa), mas sim de uma vontade de se manter no cargo. Além disso, o fator que desencadeou o humor (riso) foi o emprego do vocábulo “conservador” para designar um político que quer se conservar no cargo.
O termo “conservador”, no meio político, está ligado a um político que tem uma pauta de costumes, valores e tradições.
Na frase, esse vocábulo foi empregado de forma inusitada (incomum, surpreendente), associado a um sentido pejorativo (político que quer se perpetuar no cargo).
Por isso, invalidamos a letra A e atestamos como gabarito a letra E.
Resposta: Letra E
22)
Algumas frases são construídas tendo por base outras já formuladas e conhecidas (intertextualidade); isso só não ocorre em:
Gabarito: (E) Para mim, o verdadeiro valor é a prudência.
Comentários:
Analisemos as opções:
Letra A – Em dentadura dada não se olham os dentes (Trecho Original: Em cavalo dado não se olham os dentes).
Letra B – A justiça pode ser cega, mas não devemos fazê-la paralítica (Trechos Originais: A justiça é cega; A justiça tarda, mas não falha).
Letra C – Água mole em pedra dura tanto bater até que causa um rombo (Trecho Original: Água mole em pedra dura tanto bate até que fura).
Letra D – A pressa é inimiga da refeição (Trecho original: A pressa é inimiga da perfeição).
A única que não se remete a nenhum texto anterior é a letra E.
Resposta: Letra E
José Maria
Professor de Língua Portuguesa para concursos há 10 anos. Atuou como Consultor de Língua Portuguesa na CNI (Confederação Nacional da Indústria) no Projeto Educação Livre. É autor de livros e materiais didáticos para ENEM e Concursos Públicos. Formado em Engenharia Eletrônica pelo ITA.
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