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O Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan

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Danuzio Neto20/04/2020

20/04/2020

Em dezembro de 2019, quem visitasse o Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan ia encontrar uma multidão de barracas onde eram vendidas carnes, aves e peixes, além de iguarias exóticas, como ratos e cobras. O saneamento era péssimo, com pouca ventilação e o lixo era empilhado em pisos molhados.

Foi neste local que, segundo autoridades chinesas, houve a primeira contaminação do novo coronavírus em um ser humano.

Até o final do mês, pesquisadores de Guangzhou e do Beijing Genomics Institute já tinham analisado a sequência genética do vírus e detectado similaridade de aproximadamente 80% com o coronavírus da SARS.

Em 30 de dezembro, após ter assumido aos seus superiores ter ficado alarmada ao analisar resultados laboratoriais de uma paciente com um tipo de “SARS coronavírus”, a diretora do departamento de emergência do Hospital Central de Wuhan, Ai Fen, é repreendida.

Em entrevista à revista chinesa Ren Wu, Fen fala sobre essa censura, denuncia as condições de saúde em Wuhan e faz duras críticas às autoridades por tentarem impedir o alerta precoce do surto. A entrevista é excluída das redes sociais pelo governo chinês no mesmo dia em que foi publicada. A revista foi recolhida das bancas. E Ai Fen está desaparecida desde então.

No 1º dia de 2020, antes que muitos pesquisadores pudessem coletar amostras ambientais, o que ajudaria na determinação dos possíveis hospedeiros intermediários do vírus, o Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan é fechado para descontaminação. Uma autoridade regional de saúde de Wuhan, neste mesmo dia, exige a destruição das amostras de laboratório que apresentaram similaridade do surto com um tipo de coronavírus. Por meio da imprensa, a polícia de Wuhan “apela a todos os internautas para não fabricarem rumores, não espalharem rumores, não acreditarem em boatos”. Até a meia noite, 8 pessoas seriam presas, inclusive médicos, acusados de espalhar informações falsas sobre um surto de pneumonia.

De ressaca e com preguiça de sair do sofá, ainda estávamos a exatos 70 dias do começo da pandemia. Em nossas casas, a comida requentada do ano novo ainda estava nos pratos por lavar.

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Danuzio Neto

Danuzio Neto

Professor de Geopolítica, Atualidades, Ética, Geografia e História para concursos. É Auditor Fiscal da Secretaria da Fazenda de São Paulo, tendo exercido também os cargos de Técnico Judiciário do TRT da 16ª Região e Escriturário do Banco do Brasil. É formado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão.

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