Logo Direção Concursos
Pesquisa

ENTREVISTA: entenda como funciona a banca Cebraspe (Cespe)

ENTREVISTA: entenda como funciona a banca Cebraspe (Cespe)

A banca Cebraspe – ou Cespe, popularmente conhecida – é temida por muitos concurseiros. Aplicado em muitos certames, o método Cespe, em que uma questão errada anula uma certa, deixa muitos candidatos frustrados. Porém, por trás de tudo, há um razão e isso foi o que o Assessor da Direção do Cebraspe, Ricardo Bastos, explicou em uma entrevista exclusiva ao Direção Concursos.

Nesta conversa, o assessor explicou diversos tópicos que os candidatos podem, muitas vezes, não entender. O que é o método Cespe? Metade das questões são certas e metade erradas? Quem elabora as questões?

Caso queira ver o vídeo completo, ele está disponível para assistir abaixo. Porém também explicaremos, ao longo do texto, todos os tópicos conversados.

É Cespe ou Cebraspe?

Ricardo Bastos explicou que o Cespe é um órgão da Universidade de Brasília (UnB), que não realiza mais concursos. Esta função foi delegada ao Cebraspe.

“Cebraspe é uma organização social, criada em 2013, qualificada pelo presidente da República. Mas que começou a funcionar de fato em 2014, como uma OS do Governo Federal”, o assessor explicou.

Hoje, o Cebraspe realiza concursos, avaliações e certificações educacionais. A confusão entre as duas pode ocorrer porque o método Cespe ainda é utilizado nos concursos. Segundo o diretor, o Cebraspe “é detentor único e exclusivo do método Cespe”.

E o que é o método Cespe?

“É todo um conjunto de expertises que o Cespe desenvolveu ao longo dos anos”. Esta técnica trata-se de toda metodologia utilizada desde para formular e revisar questões até aplicar provas.

O método Cespe não define, porém, se as questões devem ser obrigatoriamente de certo errado. O que o assessor Ricardo Bastos explica é que muitas vezes, até por questões legais, muitos concursos são regulados por regimentos e as questões são obrigatoriamente de certo tipo. E em outras vezes, a Administração Pública põe no projeto básico.

Porém, a recomendação oficial é pelas alternativas de certo e errado. “No nosso entendimento, as questões de certo e errado avaliam melhor o candidato, a proficiência dele. Em uma questão de múltipla escolha, o candidato já tem uma informação. Ele sabe que das cinco assertivas, apenas uma vai estar correta e quatro erradas. Em tese, ele não precisa julgar todas as assertivas”.

Ou seja, em uma questão de 50 questões, com cinco alternativas, o candidato precisa julgar somente 50 assertivas. Em uma prova de certo e errado, ele precisaria julgar as 200 assertivas.

A questão de certo e errado é também utilizada no momento dos recursos. Caso uma questão, com cinco alternativas, fosse anulada, todas as assertivas seriam anuladas, tendo uma perca de cinco itens. Em uma prova de certo e errado, a anulação de uma questão levaria a anulação de somente um item.

Em uma prova de itens, há também muito mais pontos a serem distribuídos, o que diminui a possibilidade de empate.

Por que uma errada anula uma certa?

A técnica é um um instrumento de medida utilizada pelo Cesbraspe. “E como qualquer instrumento de medida, precisa estar calibrado”, conta Bastos.

A lógica é que caso um candidato marque o gabarito todo ao acaso, é preciso que a nota dele seja zero, pois não apresenta proficiência. “A função, principal, é calibrar o instrumento de medida”.

E são metade certa e metade errada mesmo?

“No ponto de vista da avaliação, é preciso balancear o gabarito. Para evitar casos em que um gabarito com muitos itens certos, o candidato que marque um item ao acaso tenha pontos de vantagem. A mesma coisa o contrário”.

Ao final, o assessor confirmou que existe um certo balanço entre os itens certos e errados, para evitar que aquele candidato que chute tenha vantagem entre os outros mais preparados. “No ponto de vista avaliativo, é adequado que o gabarito seja balanceado”.

Quem elabora as questões?

Segundo Bastos, as bancas são sigilosas, antes, durante e depois da aplicação das provas. “São especialistas da área, com mais da metade possuindo doutorado na área. São pessoas de notório saber que prestam serviços para saber”.

Quem vai julgar o meu recurso?

Importante ressaltar que se tratam de duas bancas, formadas por pessoas distintas. Ricardo Bastos explica que a banca recursal é tão sigilosa quanto a elaboradora e que possuem o mesmo nível e perfil.

E o que faz uma questão ser anulada? Segundo o assessor, existem critérios técnicos para anular uma questão. Por exemplo, o item não está dentro do objeto de avaliação ou há uma ambiguidade insuperável. Mas “a mudança de gabarito depende da banca recursal”.

Há jurisprudência?

“A cada concurso, as bancas são diferentes. Nossos editais já preveem que a jurisprudência considerada nos nossos concursos é a jurisprudência pacificada nos tribunais superiores“, determina o assessor.

Por que não sei quantas questões serão cobradas por matéria?

O motivo é pela interdisciplinaridade, um critério do método Cespe. “Nós entendemos que as questões ficam mais ricas quando as questões são interdisciplinares. Por isso, evitamos ficar loteando a prova por assuntos, porque isso engessa a prova e evitar a interdisciplinaridade“, explicou.

Por que não tem bibliografia recomendada?

Outro tópico que também faz parte do método Cespe. “A gente entende que colocar bibliografia no edital vai privilegiar certos autores e editoras em detrimento de outros, que podem sentir preteridos”

Incluir a bibliografia também pode causar conflitos no momento de recursos. “Se a questão está perfeito e dentro dos objetos de avaliação, mas não foi abordada na bibliografia, há problemas na hora recursal”, Ricardo Bastos exemplifica.

Há divisão de questões entre fáceis, médias e difíceis?

O Assessor Ricardo Bastos confirmou: há sim. Outro ponto método Cespe, Bastos relata que, após aplicação da prova, é possível aplicar um nível de dificuldade e um nível de discriminação. “Sabemos que a média dificuldade são as melhores discriminam os candidatos entre proficiente e não proficientes”.

A definição de disciplinas e etapas é escolha da Cebraspe?

Alguns concursos, Bastos repete, são regulados por órgãos, que já contêm a definição de etapas e conteúdos. “Em todos os demais casos, é tratado em comum-acordo com o órgão”.

Porém, ele explica que “os objetos de avaliação precisam refletir o perfil, porque o que vai ser discutido [com o órgão] não são os objetos de avaliação, mas sim o perfil”.


Conheça e baixe nosso e-book gratuito com 30 temas de redação Cespe e comece a se preparar! Acesse aqui.

Saiba também quais concursos a banca Cebraspe está organizando: TJ AM, TC DF e Sefaz DF.

Larissa Lustoza

Larissa Lustoza

Graduada em Jornalismo, já foi estagiária na área de Assessoria de Comunicação na Secretaria de Cultura do Distrito Federal, repórter por um ano no projeto de extensão da faculdade e estagiária no jornal online Metrópoles. Além disso, possui habilitação em design gráfico e em Lei de Acesso à Informação.

Tenha acesso completo a todo o conteúdo do Direção Concursos

Acesse todas as aulas e cursos do site em um único lugar.

Utilizamos cookies para proporcionar aos nossos usuários a melhor experiência no nosso site. Você pode entender melhor sobre a utilização de cookies pelo Direção Concursos e como desativá-los em saiba mais.