Concurso PCDF: laudo pericial aponta fotos em local e hora das provas; confira com exclusividade!

O grupo que pede a anulação do concurso PCDF está se movimentando nos bastidores para que supostas irregularidades no certame sejam esclarecidas. O mais recente avanço foi um laudo, obtido com exclusividade pelo Direção Concursos, que comprovaria que fotos da prova de Agente foram tiradas, por um aparelho celular, de dentro de um dos locais de prova da seleção da Polícia Civil do Distrito Federal.

Cabe citar que há ação popular que pede que as possíveis fraudes sejam apuradas. A peça pede investigação da PCDF e do Ministério Público, e que o certame seja suspenso enquanto não haja respostas sobre as denúncias.

A Ação Civil Pública ainda pede que, caso seja comprovada fraude, que o concurso PCDF seja anulado, com reaplicação das provas objetivas para todos os candidatos.

O juiz responsável já citou a PCDF e o Ministério Público, bem como a banca Cebraspe. Vale lembrar que foi indeferido o pedido de tutela antecipada e suspensão do processo seletivo durante as investigações. Porém, o processo segue em aberto para fortalecimento de provas. O grupo que pede a anulação entende que o laudo pericial será peça fundamental no caso.

Concurso PCDF: laudo indica fraude

O grupo de interessados buscou um profissional especializado em perícia digital para tentar comprovar que as 18 fotos veiculadas na internet foram tiradas durante a prova da PCDF.

Túlio Batista Rosa, habilitado como perito pelo TJGO, TJDFT, TRT 18 e Justiça Federal, assina o laudo que comprovaria a fraude. O profissional ainda possui 25 anos de experiência na área, tendo participado de ao menos 15 cursos técnicos. Ele ainda ministra cursos para peritos criminais federais e é pós-graduado em Banco de Dados; Forense e Perícia Digital; Hacking e Cybersecurity; e Áudio/Imagem Forense.

Como metodologia, realizou-se a análise perceptiva das imagens/fotos do material desta perícia, consultas de informações de georreferenciamento no site do Google Maps, bem como a verificação dos “metadados” das respectivas imagens/fotos, que são informações ocultas encontradas em arquivos digitais.

Pelos dados contidos nas fotos (metadados), identificou-se que todas as fotos foram tiradas do mesmo aparelho de celular, qual seja, da marca “Samsung” modelo “SM-J8 10M”.

O laudo sugere: “Ademais, com relação às datas e horários em que as fotos foram registradas pelo aparelho de celular em questão, evidencia-se que foram tiradas em 22/08/2021, entre 14:22h e 14:39h”, ou seja, durante a aplicação das provas.

E ainda prossegue: “Tal situação demonstra que o registro das fotos realizadas pelo aparelho de celular da marca “Samsung” modelo “SM-J8 10M”, se deu logo após o início do horário marcado para realização das provas, qual seja, às 14:22h”.

O laudo ainda diz que é capaz de apontar o local em que as fotos foram tiradas. Veja o trecho:

“Outra informação relevante encontrada nos “metadados” está na foto “20210822_143913.jpg”, que contém as coordenadas de georreferenciamento (GPS) indicando o local, aproximado, em que ocorreu o seu registro, qual seja, Latitude 15 deg 51′ 12.34″ S, Longitude 48 deg 1′ 56.27″ W.”

Com base nos dados, o endereço é o do Centro Universitário Icesp, localizado em Águas Claras, Distrito Federal, um dos locais de prova utilizado pelo Cebraspe no concurso PCDF, como se nota no comprovante de ensalamento abaixo:

O laudo ainda afirma que não há indícios de que os arquivos tenham sido manipulados. Todos os procedimentos do perito estão destrinchados no laudo. 

Conclusão do laudo

“Por tudo que constou da presente perícia, conclui-se que as 18 fotos extraídas do arquivo “Photos.zip” foram registradas logo após o início da realização das provas objetiva e discursiva do concurso “CEBRASPE – PCDF – AGENTE – Aplicação: 2021”, ou seja, 22 minutos depois (14:22h), as quais foram tiradas utilizando aparelho de celular da marca “Samsung” modelo “SM-J8 10M”, no CENTRO UNIVERSITÁRIO ICESP (Colégio Promove), local de aplicação das provas.”

A equipe de jornalismo do Direção Concursos entrou em contato com PCDF, Cebraspe, MPDFT e Icesp para mais esclarecimentos. A PCDF disse que “Há uma investigação em curso sobre a situação. Em razão deste fato, não informações a repassar no momento”.

A banca Cebraspe também se posicionou sobre o ocorrido: “O Cebraspe reforça, mais uma vez, que não houve fraude ou fato que pudesse ensejar a anulação ou suspensão do certame da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Qualquer tentativa de macular a segurança do processo de ingresso tem os responsáveis identificados e eliminados do concurso, de modo que não haja prejuízo para os demais candidatos ou para a administração pública e garantindo-se, assim, a lisura do certame.”

De acordo com Igor Nogueira, interessado na apuração dos fatos, o Departamento de Combate a Corrupção e ao Crime Organizado da PCDF (Draco) não formalizou um boletim de ocorrência. Nogueira alega ter ido à delegacia e ter sua tentativa de registro negada por se tratar de “boato de internet”, palavras que teriam sido ditas por um delegado.

Com a posse do laudo pericial, o grupo tentará novamente o registro do boletim nesta quarta-feira (8/9). O grupo ainda pede, extraoficialmente, que Robson Cândido, diretor-geral do órgão, se manifeste em redes sociais, prática que utilizou durante os trâmites do concurso PCDF: “Depois das provas, ele já publicou diversas coisas. Porém, nem uma linha passando calma para os candidatos, mostrando que os fatos estão sendo apurados… nada”, reclama Igor Nogueira.

O grupo que orquestra as denúncias ainda procura mais advogados especialistas na área para novas tentativas. Em meio ao imbróglio, o diretor-geral, delegado Robson Cândido, afirmou que pretende diminuir os prazos entre as etapas da seleção.

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