Setor público e privado cresceram no mesmo ritmo, diz estudo

Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que certas crenças a respeito do serviço público não são verdades. Uma delas, por exemplo, é a que há servidores públicos em excesso.

A pesquisa acumulou dados de 1986 até 2017 sobre vínculos ativos e formais no setor público brasileiro, escolaridade dos servidores, remunerações e a relação entre os salários e gênero.

Uma das observações realizadas é a respeito da comparação entre os vínculos empregatícios do setor público e do setor privado. Primeiro, o estudo percebeu que até 2014, o setor privado expandiu 134%, ou seja, uma expansão anual de 3% – a mesma que a do setor público, calculada até 2014.

Além disso, em números globais, a expansão dos dois setores apresentaram um rimo similar. No entanto, o estudo reforça que os dados do setor privado tratam-se somente de empregos formais.

Setor público municipal

Outro fato que o estudo observou é que o setor público em esfera municipal teve a maior expansão, sendo que “quase metade das ocupações pertence ao núcleo de provimento de bens e serviços do Estado de bem-estar: saúde e educação”.

Em esfera estadual, o perfil ocupacional é menor, porém pode alcançar 50% se incluir os policiais e bombeiros. O funcionalismo federal corresponde somente a 10% da força de trabalho do setor público.

Você pode conferir o estudo, na íntegra, aqui

Salários maiores

No entanto, o estudo Ipea consolidou o que muitos já perceberam. O salário médio do servidor público passou de R$ 4,8 mil a R$ 8,5 mil. Isto significa um ganho real de 77% em 30 anos. Um aumento significantemente maior que o do setor privado.

Crescimento descontrolado?

De acordo com tudo que o estudo apurou, não há dados que indiquem um crescimento descontrolado da máquina pública. “Indagamos, a partir desse cenário, se o debate sobre a expansão mais rápida das despesas previdenciárias contaminou a percepção sobre o que de fato ocorre na despesa com os servidores ativos“.

O estudo indica que é necessário analisar a composição de ocupação e carreiras de cada um dos Poderes, bem como conexões das naturezas oferecidas.

“A expansão dos vínculos no setor público foi acompanhada por vícios, mas também por virtudes“. Os indicadores demonstraram que ocorreram rearranjos e realocações devido a necessidade de mais flexibilidade. Além disso, também houve transformações no perfil de recrutamento.

Com isso, o estudo conclui que o discurso de “menos máquina” deve ser tratado com cuidado, pois pode significar “reduzir quadros de professores, profissionais de saúde, fiscais do trabalho, cadastradores do bolsa-família, fiscais ambientais” e outros funcionários intrinsecamente ligados a oferta de serviços essenciais ao público.

Confira aqui quais concursos estão previstos para 2020 e entre no serviço público